segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"Quem conta um conto, acrescenta um ponto" - 9º ano

Este conto nasceu ao longo do mês de novembro, de um trabalho colaborativo entre a biblioteca, os alunos do 9º ano e os respetivos  professores de português.

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A voz


Eu tinha chegado tarde à escola. Os corredores já estavam vazios e os meus passos ressoavam na minha cabeça. Ao abrir a porta da minha sala de aula vi que estava vazia. "Que é isto?"

Larguei a correr, picado por uma ponta de aflição. Depois de procurar em todos os cantos da escola, não encontrei viva alma. Pensei:

- Que dia é hoje? Será que é feriado? Há alguma greve?

Liguei o meu telemóvel, fui ao calendário ver o dia da semana e reparei que tinha uma SMS de um amigo: “Não vás à escola.”

Ansiosamente perguntei:

- P-o-r-q-u-ê-?

Logo a seguir caiu nova mensagem: “Gui, se estiveres aí, sai rapidamente!”. Senti-me em pânico, como se não conhecesse a minha escola. Lancei-me a correr, desesperado. Atrás do eco dos meus passos soou-me o eco de outros passos, pesados, cada vez mais próximos de mim. As luzes do corredor apagaram-se e deixei cair o telemóvel.

A tremer, tentei apanhá-lo, mas, logo que me debrucei, senti algo a agarrar-me. O medo apoderou-se de mim, fechei os olhos e pensei "Chegou a minha hora!"

Possuído por um imenso terror, reconheci uma voz... Aquele timbre era-me familiar.

- Quem és? - perguntei virando-me a medo.

Não havia ninguém. Gemendo de medo, baixei-me para apanhar o telemóvel . Partira-se na queda.

Numa tentativa desesperada de abandonar aquele lugar, agora tão sinistro, dirigi-me às portas tentado abri-las sem sucesso. Estavam bloqueadas. Precipitei-me para o meu cacifo à procura de qualquer coisa que me pudesse ajudar, mas não tive sorte.

Sentindo-me derrotado, comecei a vaguear pelos corredores quando a voz se fez ouvir de novo, primeiro num murmúrio arrastado e longínquo, depois cada vez mais próxima. Era um timbre grave... era um timbre grave... era a voz do meu professor de matemática!! O que faria o professor de matemática na escola naquela situação? Teria ele esquecido os testes do 9ºC, ou teria esquecido o seu aristo? Não me parecia que fosse tão simples e eu estava à espera do pior. Não me enganei. A minha faceta de detetive entrou em ação e, logo num primeiro olhar, vi que na sua mão, em lugar de segurar a régua graduada de 50cm, empunhava uma arma branca. Fiquei à espera do ataque, mas ele não veio. A sua voz soou como um trovão: “Para saíres daqui, terás que encontrar a chave do portão da escola. Tens trinta minutos. Se não conseguires, espera por consequências.”

Com o coração aos saltos e a respiração muitíssimo acelerada, corro de sala em sala à procura da chave. Chego à última sala do 2º piso e encontro a minha namorada acorrentada. Na parede, há uma mensagem rabiscada “A chave está dentro do coração dela”.

Morri de medo. Em choque, fiquei momentaneamente paralisado. Lentamente, tirei-lhe a fita que lhe tapava a boca. Assustada, mas decidida, disse-me:

- Mata-me para te salvares!

Eu? Matá-la? Nunca lhe tinha dito, mas na verdade, mais do que a minha primeira namorada, era o amor da minha vida.

- Não me peças isso. Não te vou matar, mas diz-me quem te trouxe até aqui? O que é que aconteceu?

- Não sei. Eu vim mais cedo para a escola, para acabar o trabalho de Educação Visual. De repente comecei a sentir-me observada e quando rodei a cabeça para olhar à minha volta, alguém se colocou ao meu lado e começou a caminhar comigo. Com um voz que me pareceu muito perigosa ameaçou matar-me se não enviasse uma SMS todos os meus amigos a avisar para não virem à escola hoje. A todos menos a ti. Aterrorizada, fiz o que ele me estava a mandar. Nem sequer lhe vi a cara. Mal entrei no portão da escola tapou-me a boca e arrastou-me para aqui. Acho que desmaiei de susto e acordei agora que entraste.

No meio da minha angústia, enquanto examinava a sua cara e o seu corpo, para ver se encontrava ferimentos, reparei que tinha ao pescoço um fio de ouro com um medalhão em forma de coração. Como não o conhecia, perguntei-lhe:

- Que medalhão é este?

- Do que é que estás falar?

-Deste medalhão em forma de coração!

- Não sei, não me assustes mais, isso não é meu.

O tempo estava a esgotar-se.

Desapertei-lhe o fio a analisei o medalhão. Ao passar a mão pelas figuras de alto relevo que o decoravam ele abriu-se. Lá dentro, num pequeno papel cuidadosamente enrolado, havia uma mensagem: “Sabes que dia é hoje?”

Ouvimos o toque de campainha que conhecíamos muito bem. O tempo terminara.

Confuso, agarrei a Joana pela mão e arrastei-a pelo corredor. De repente, começamos a ouvir vozes e um altifalante gritava: “Todos os alunos devem dirigir-se para a cantina da escola”. Sem sabermos como, de todos os lados surgiram alunos, colegas, amigos nossos que se dirigiam para cantina e que passavam por nós como se não nos vissem.

Hipnotizados pela situação, seguimos as ordens sem uma única palavra.

Para meu espanto encontrei a cantina cheia, parecia uma espécie de reunião geral de estudantes. Quando nos viram a chegar, receberam-nos com palmas e gritos como se fossemos dois heróis. No meio daquela multidão, levantou-se um cartaz gigante que dizia "Parabéns, Gui!".

E aí, agora sem arma, sem voz ameaçadora, entrou o professor de matemática que me entregou uma t-shirt da minha banda preferida Guns N'Roses. Um sorriso rasgado abriu-se na minha cara. Olhava para a t-shirt, para a Joana, para o professor, confusão na minha cabeça.

Foi então que ouvi a voz...

- Não posso acreditar... Axl Rose!

- Bem, uma camisola sem ser autografada não vale nada, pois não!?- exclamou o professor de matemática - Então vamos a isto. Joana, ajuda desse lado.

Num movimento repentino, a Joana e o professor de matemática abriram as portas para o exterior... e... incrivelmente... Guns N'Roses para mim, no dia do meu aniversário, na minha escola! Melhor aniversário de sempre!

O despertador toca. "Bom dia, Gui, feliz aniversário!"


Alunos do 9º ano do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela, novembro 2016

Boa leitura!






"Quem conta um conto, acrescenta um ponto" - 6º ano

Este conto nasceu ao longo do mês de novembro, de um trabalho colaborativo entre a biblioteca, os alunos do 6º ano e os respetivos  professores de português.



Se acreditares, consegues!

Fonte da i,agem: www.ultracurioso.com.br



       Era uma vez, uma terra de que nunca ouviste falar, onde os sonhos se tornam realidade. Nessa terra, habitava uma menina chamada Joana que sofria de bullying. Nunca disseram à Joana que vivia numa terra mágica em que os sonhos se tornam realidade apenas com um estalar dos dedos, mas, um dia, quando já frequentava o 6º ano, leu no jornal a seguinte notícia:



Mistério na cidade
Há na terra dos sonhos alguém que nunca estalou os dedos.

Os computadores da central da cidade registam o nome de uma menina que nunca tentou realizar os seus sonhos.
Os serviços de apoio ao cidadão feliz andam à sua procura.



         Nem acabou de ler a notícia para experimentar, mas, muito aflita, percebeu que não sabia estalar os dedos.
         A primeira ideia que lhe veio à cabeça foi o professor de música,  mas, teve azar, porque quando chegou à escola ele não estava. Mais desanimada ainda, foi à biblioteca à procura de algum livro de música que pudesse ensiná-la a estalar os dedos.

         Naquela terra tudo era especial e mágico, por isso,  quando a Joana abriu o livro, mergulhou lá dentro, de verdade. O livro era um mundo em branco. À sua volta, em todos os lados era o nada.
         Assustada com aquele mundo vazio, de um silência aterrador, olhou ao seu redor à procura de alguém que a pudesse socorrer.
         - Está aí alguém? - gritou desesperada.
         Como não via ninguém, como ninguém respondia, pôs-se a andar, andar, andar, andar, a correr, a correr, a correr, até que, completamente esgotada, se deixou cair no chão, fechou os olhos e pensou numa coisa fresca, que lhe matasse a sede. Quando abriu  os olhos viu uma fonte, vinda do nada. De seguida, pensou num jardim encantado e, à sua volta, tudo se encheu de flores, de riachos de águas transparentes, de peixes e borboletas. Realmente, o lugar era lindo! Levantou-se e ouviu ao longe uma voz melodiosa. Seguiu o som e encontrou-se numa praia  fluvial onde um senhor cantava e tocava harmónica.
         Largando o instrumento musical o senhor cumprimentou-a
         - Olá, Joaninha!
         Espantada, a menina perguntou:
         - Como sabe o meu nome?
         O senhor não respondeu e fez outra pergunta:
         - O que estás a fazer neste livro encantado?
         - Não sei bem, estava na biblioteca à procura de um livro que me ensinasse a estalar os dedos e, de repente, caí no livro.
         - Para que queres tu estalar os dedos?- perguntou o senhor.
         - Descobri que a minha cidade é mágica e quero pedir um desejo!- respondeu a Joana.
         - Então és tu a menina que nunca pediu um desejo?
         - Sim, sou eu. Descobri isso esta manhã quando li aquela notícia que informava  que na minha terra havia alguém que nunca estalou os dedos. Pensei logo que era eu, então vim à biblioteca  à procura do professor de música, que está lá muitas vezes. Nas aulas, ele costuma estalar  os dedos para marcar o ritmo. Como não o encontrei procurei num livro mas continuo sem encontrar solução. Infelizmente, não tenho amigos na escola, ninguém gosta de mim, gozam todos comigo, tudo isso…. Em resumo,  sofro de bullying e não tenho amigos. Eu queria muito mudar isso. – disse a Joana muito triste.
         - Pois é, compreendo. Eu, como senhor habitante deste livro vou ajudar-te a realizar esse desejo. Os livros sabem tudo, são boas  fontes de conhecimento do mundo.  E o meu conhecimento do mundo diz-me que a solução para o teu problema está fora deste livro. Joana, vais voltar para a realidade, é lá que o teu problema tem que ser resolvido. Lembra-te sempre que tu és uma parte muito importante para resolver tudo. Vai…

         De repente a Joana estava de novo na biblioteca da escola. Aberto, nas suas mãos,  tinha um livro “ Os amigos são fantásticos”.
         Levantou os olhos, observou a sala à sua volta e viu muitas crianças a ler livros, outras a ver um filme, a jogar jogos de mesa…
         Levantou-se e foi ter com uma menina que também estava sozinha:
         -Olá! – perguntou a Joana – Como te chamas?
         - Olá, chamo-me Lara. E tu?
         - Eu chamo-me Joana.
         -Quantos anos tens? - perguntou a Joana entusiasmada.
         - Tenho dez anos. – respondeu a Lara – Não costumas vir à biblioteca, pois não? Nunca te tinha visto.
         - Pois, eu evito os lugares onde há mais gente. Sou tímida, sabes?
         - Entendo, mas às vezes temos que falar com os outros.
         - Acho mesmo que sou vítima de bullying. Eu sei que se estalar os dedos posso resolver o meu problema, mas também não sei estalar os dedos. Tu sabes? Podes ajudar-me?
         - Posso-te ensinar a estalar os dedos , mas para fazer amigos é preciso mais do que isso. Não queres pensar em falar, olhos nos olhos, com os colegas que gozam contigo?
         A Joana achou que era um conselho de amiga. Foi até ao recreio e dirigiu-se aos colegas. Mas, quando os encontrou ficou desanimada porque a reação deles foi a mesma de sempre.
         - “Olha a múmia! Ressuscitou dos mortos”
         A Joana, com as lágrimas nos olhos, teve vontade de desistir, mas lembrou-se da mensagem do senhor habitante do livro encantado e ganhou coragem para os enfrentar.
         - Vocês sabem o que é uma múmia?
         - Uma múmia é alguém que não abre a boca, como tu! – respondeu o Afonsino.
         À sua volta todos se riram, mas a Joana manteve-se forte e mesmo com as pernas a tremer conseguiu explicar:
         - Uma múmia é o cadáver, o corpo de uma pessoa muito importante como por exemplo os reis, do antigo Egito, mais conhecidos por faraós. O povo egípcio por causa da sua crença na vida para além da morte mas também por respeito e devoção ganhou o costume de embalsamar algumas pessoas.
         - Eu também já li que algumas pessoas embalsamavam os seus animais de estimação.- disse uma voz entre o grupo.
         - Também é verdade – explicou a Joana. Eu gosto de História e de conhecer os costumes dos povos. E tu? De que disciplina gostas mais?
         - Eu gosto mais de Ciências. Já agora,  chamo-me Edgar – disse o rapaz.
         Sem que a Joana tivesse tido necessidade de estalar os dedos, aquele grupo de colegas começou a conversar entre si sobre os seus gostos e interesses. Pela primeira vez na vida sentiu-se confiante. Estava mais do que feliz, mas mesmo assim  tinha de aprender a estalar os dedos porque não queria ser a única pessoa da cidade a não saber fazê-lo. Nem de propósito, o Edgar fez-lhe outra pergunta:
         - Ouviste falar daquela notícia “Mistério na cidade”?
         A Joana respondeu, envergonhada:
         - Essa menina sou eu! Eu só soube que se podia pedir desejos quando a li.
         - Tens de experimentar dançar. Às vezes, quando dançamos fazemos esse gesto para acompanhar a música. É um gesto normal.
         O Afonsino, que ouviu  a conversa, disse-lhe com toda a sinceridade:
         - Eu acho que não te posso ajudar porque não tenho muita paciência para ensinar, mas estou a ter uma ideia agora mesmo. Na escola há o Clube de Atividades Rítmicas, podes-te inscrever, quem sabe?

         Entretanto deu o toque para a entrada e todos voltaram para a sala de aula. O professor Zeca Afonso, de Formação Cívica, escreveu no sumário:  "Comemoração do S. Martinho" e, logo de seguida, voltaram para o recreio para fazer um magusto que ficou muito divertido com a chegada do Grupo Folclórico de Santa Eulália. Foi assim que a Joana, a dançar à volta da fogueira, aprendeu a estalar os dedos.
         Ela nem queria acreditar!!!
         Agora, naquela  terra de que nunca ouviste falar, todos os seus habitantes, sem exceção, concretizam os seus sonhos com um simples estalar de dedos.

         O primeiro sonho que a Joana quis concretizar foi entrar no livro encantado para contar ao seu único habitante a felicidade que sentia.
  
Alunos do 6º ano do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela
Novembro 2016


Boa leitura!







"Quem conta um conto acrescenta um ponto" - 4º ano

Este conto nasceu ao longo do mês de novembro, de um trabalho colaborativo entre a biblioteca, os alunos do 4º ano, os respetivos  professores e alguns  pais.


Uma aventura em Vizela



         Há muitos anos, em Vizela, só havia pessoas vestidas de romano. Havia duas meninas chamadas Leonoris e Franciscas, também havia um menino chamado Andreus. Eram todos amigos e gostavam de se encontrar no parque das termas.
         O pai de Andreus era trolha, estava a liderar a construção da ponte romana. Os pais da Franciscas e da Leonoris eram gerentes das termas.
         Um dia, os três amigos foram dar um passeio pelos túneis das termas para se aquecerem e foi lá que encontraram um vaso de cerâmica, bastante gasto, que parecia muito antigo. Lá dentro encontraram um mapa de tesouro que tinha a seguinte mensagem:
“Se o tesouro querem encontrar uma chave vão ter de procurar, duas árvores vão ver, mas só uma tem a chave do poder.” 
 
                   Os três amigos não queriam acreditar! Um tesouro em Vizela!
         - Um tesouro! – exclamou o Andreus – Temos de o encontrar!
         -E onde vamos encontrar as duas árvores? – perguntou a Franciscas.
         -No parque das Termas, sem dúvida. Mas como é que vamos saber quais são as árvores certas? Há lá tantas!
         - Vamos começar a procurar nas mais antigas. - disse o rapaz
         - Vamo-nos dividir.- propôs a Leonoris - Eu vou para as margens do lago dos patos, e tu, Andreus?
         - Eu vou procurar à volta do jardim. - disse muito entusiasmado.
         - E eu vou pelo caminho da Ilha dos Amores! - exclamou a Franciscas.
         Combinaram encontrarem-se todos no rio, junto ao chalé, passado uma hora. E lá foram, cada um  pelo seu caminho, de olhos muito abertos, à espera de encontrar as árvores a par.

         Passado uma hora lá estavam os três no local combinado.
         - Alguém encontrou as árvores? - perguntou Franciscas.
         - Não. -disseram os dois amigos.
         - Eu também não. -disse ela, desanimada.
         - Então vamos continuar a procurar todos juntos. -sugeriu o Andreus.
         Concordaram. E foram os três procurar seguindo pela margem do rio Avicella.
         Pelo caminho a Leonoris contou-lhes que quando procurava as árvores à volta do lago dos patos o laço da sua túnica caiu e apareceu, de repente, um gato assustadiço que o apanhou e fugiu. Ela tentou apanhá-lo mas ele enfiou-se num buraco e ela teve medo de entrar, mas reparou que na entrada tinha a seguinte inscrição “ Quando as duas árvores encontrares um enigma vais ter de decifrar”. Os três amigos ficaram muito intrigados pois tinham um verdadeiro mistério nas mãos para resolver.
         Continuando à procura das árvores em par, chegaram perto da bica  molha pés.Cansados, sentaram-se e olharam em volta e não é que, ali mesmo ao lado deles, havia várias árvores em par, juntinhas?! Olharam uns para os outros.
         - Qual dos pares de árvores será? -perguntou a Franciscas.
         Andaram à volta das árvores e bem junto às raízes de dois velhos plátanos o Andreus encontrou a tão desejada pista “ Se querem encontrar o tesouro, o seguinte enigma têm que descobrir : quatro pedras juntas e muito gastas têm de encontrar para a chave poderem ganhar”.
         -E agora que vamos fazer? Já está a anoitecer temos que ir para casa. -preocupou-se a Francisca.
         - Mas amanhã voltamos para procurar a chave do tesouro. A sorte é que estamos de férias. -tranquilizou o Andreus.
         - Pois é, tens razão! Mas amanhã poderíamos começar a procurar pela Praça, junto à bica quente. Lá tem uma parte importante da nossa cidade romana, com muitas pedras. Se não encontrarmos nada, voltamos aqui ao parque, junto do rio há muitas pedras desgastadas pela água.

         Os três amigos despediram-se e foram para casa.
         No dia seguinte, lá se encontraram junto da bica quente e observaram com muita atenção pedra a pedra. Já cansados e desanimados, viram uma pomba branca que pousava na bica quente. Na pata direita trazia uma mensagem amarrada com uma fita de cetim. Retiraram-na com muito cuidado e leram a seguinte mensagem: “Se o tesouro queres encontrar, no jardim vais ter de vasculhar, uma bela musa lá estará, e a chave te dará”
         -Ah! Já sei, é aquela musa que está no  centro do jardim! – exclamou a Leonoris.
         Nem a deixaram falar tudo e correram logo, com a força, toda para junto da estátua. No meio do jardim à volta da musa encontraram um pergaminho que dizia o seguinte: “para o tesouro encontrar à musa têm que dar a flor que mais brilhar”. Não foi preciso olhar muito para encontrarem uma florzinha branca entre outras flores maiores mas que se via muito bem porque parecia uma estrela a brilhar.  A Franciscas pediu desculpa à flor, arrancou-a e foi pô-la nos pés da musa. Então, a musa inclinou o seu balde. Lá dentro estavam as quatro pedras.
         - Boa! Obrigada, musa. – agradeceu o Andreus.
         As meninas pegaram cada uma numa pedra e Andreus pegou em duas pois era mais alto e mais forte.
         Ao pegar na última pedra repararam num pequeno pedaço de barro.
         -Será uma nova pista? – perguntou Franciscas, agarrando o caco de argila. Realmente, lá estava gravada uma mensagem que ela leu em voz alta:
 - “Se o tesouro querem encontrar as pedras vão ter de encaixar na ponte sobre o rio. Uma delas saltará e a chave aparecerá!”
         - Ah! Vai ser canja! O meu pai trabalha lá! - exclamou o Andreus, todo orgulhoso.
         -Vamos, vamos. - disse a Franciscas, cheia de pressa.

         No caminho, encontraram a mãe da Leonoris, a dona Diana, que ia tomar banho ao balneário. Quando ela os viu, perguntou-lhes:
         - Onde é que vocês vão com tanta pressa?
         - Vamos à procura do senhor Júlio César para ele nos ajudar a encontrar os buracos das pedras.
         - Que pedras? - perguntou a dona Diana.
         - Estas. - respondeu a Franciscas estendendo a pedra que levava na mão.
         -Então, boa sorte! - desejou a mãe da Leonoris.
         Logo que chegaram à ponte, foram falar com o pai do Andreus:
         - Senhor Júlio César, podemos colocar estas quatro pedras na ponte?- perguntou a Franciscas.
         - Vá lá, pai! Deixe! Andamos à procura da chave de um tesouro. Precisamos de quatro espaços pequenos para encaixar estas pedras. Por favor, ajude-nos! - pediu o Andreus.
         - Até nos vão fazer jeito para segurar as pedras maiores. Vou chamar dois pedreiros para vos ajudarem.- respondeu o pai do rapaz.

         Depois de encontrarem quatro espaços bons para meter as pedras, começaram a encaixá-las. Mas, a última não queria entrar. Empurraram mais e mais e, quando acharam que tinham conseguido, a pedra saltou e junto com ela vieram outras pedras grandes que ao caíram, perto do rio, abriram um túnel escuro.
         Os meninos olharam uns para os outros e, muito entusiasmados, lançaram-se para o túnel. Logo à entrada encontraram um dragão que logo ali falou  "Se aqui quereis entrar, por mim tereis que passar."
         - Vá lá dragão, não sejas mauzinho! – pediu o Andreus.
         O dragão, já cuspindo fogo, berrou:
         - Não, nunca vos deixarei passar!
         -E agora, o que fazemos?- perguntou a Franciscas aos amigos.
         -Não se preocupem, eu sei um truque que resulta sempre. Falou baixinho o Andreus. Só temos que cantar uma melodia de embalar.
         Para resultar melhor, foram chamar todas as crianças da aldeia romana. Combinaram encontrar-se na bica de água quente, às 16:15, para fazer um ensaio.

         Depois de treinarem, foram ao mercado pedir três tochas. Seguiram  para o beira do rio e aproximaram-se do dragão, com muito cuidado. Cheios de coragem, deram as mãos e  começaram a cantar.
         Com os seus sorrisos, as suas vozes, doces e abençoadas, conseguiram que o dragão adormecesse.
         Os três meninos agradeceram aos amigos, entraram no túnel e foram em busca do tesouro desconhecido.

         Durante o percurso no túnel escuro, Leonoris parou. Estava muito assustada.
         Andreus logo tentou acalmá-la:
         - Não tenhas medo, estamos aqui contigo!
         - De certeza que nos vão aparecer morcegos, cobras ou outros bichos. - insistiu a menina.
         - Nós levamos as tochas, ninguém se mete connosco! – lembrou-lhe  a amiga Franciscas.
         -Não vamos desistir agora que estamos tão perto de encontrar o tesouro! – exclamou Andreus.
         -Têm razão, mas eu vou no vosso meio!
         O túnel era interminável e cada vez mais estreito e quente. Até que, quando pensavam que o túnel tinha terminado, ele continuava, com várias saídas. Numa parede estava pregado um pergaminho que dizia: “O túnel mais estreito têm de seguir, para a vossa missão poderem concluir!”
         A Leonoris protestou logo:
         - Eu não me meto nesse buraco!
         - Não tenhas medo, estamos todos juntos. - disse-lhe o amigo Andreus.
         - Que os deuses me ajudem! Mas não se afastem de mim, por favor!
         Quando entraram no túnel, tiveram que se baixar porque o túnel era baixo e estreito. Por isso, seguiram de gatas e em fila indiana. À frente seguia o Andreus, a Leonoris no meio, e, por último, a Franciscas. Cada um levava a sua tocha.  O caminho estava cheio de pedras, de teias com aranhas, morcegos e outros bichos. Já tinham andado um bocado quando apareceu um gato com olhos brilhantes como lanternas. Seguiram atrás dele e foram ter a uma caverna com duas portas. Numa delas estava pregado um papiro com uma nova mensagem:
"Se quereis encontrar a chave do tesouro, procurai debaixo do tapete de couro". Olharam para o chão e viram que uma das portas tinha, à entrada, um tapete de couro.
         A Franciscas levantou-o e lá estava ela. Era uma chave pequena, de prata.
         - Parece uma  chave de uma arca. - disse Andreus.
         - Ou será a chave desta porta? -  perguntou a Leonoris.
- Depressa, Andreus, tenta abrir! – dizia Franciscas, ansiosa.
- Calma, estou tão nervoso que nem consigo colocar a chave na fechadura.
Entretanto gritou:
- Já está! Consegui!
O coração dos três amigos palpitava tanto eu até sentiam dificuldade em respirar.

Quando abriram a pesada porta, os seus olhos nem queriam acreditar no que viam: uma gigantesca caverna, com várias piscinas naturais de onde saía uma névoa de vapor, cascatas que repunham água quente nas piscinas e escorregas naturais.
-Uau! - exclamou Leonoris.
- Nunca vi nada tão belo! – dizia Franciscas sem pestanejar.
- Fechem a boca e vamos lá tomar banho . – disse o Andeus rindo.
Depressa se precipitaram para junto das piscinas, tiraram as túnicas e mergulharam sentindo um arrepio agradável que lhes percorreu o corpo todo.
- Nunca senti nada igual! Isto é maravilhoso! – dizia Leonoris encantada.
Durante horas, mergulharam, escorregaram para dentro de água, chapinaram, riram e gozaram da companhia uns dos outros como nunca o tinham feito.
O tempo passou e decidiram regressar. À saída da porta que deu acesso ao tão esperado “tesouro” encontraram uma inscrição que dizia:

“Parabéns!
Esta entrada só é permitida a jovens e crianças muito especiais que privilegiam a bondade, a partilha e a amizade. Vocês foram escolhidos”

Eles ficaram muito felizes e, a partir desse dia, passaram as restantes férias a tomar banhos termais, tudo no maior secretismo.
        
Alunos do 4º ano do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela, novembro 2016

Boa leitura!



A arte do conto - entrevista a Teolinda Gersão




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Quero Saber ... E se os dinossauros não estivessem extintos?

Encontras a resposta à pergunta na mais recente revista "Quero Saber", chegada hoje à biblioteca,  assim como artigos interessantes sobre "Os mais velozes da Terra", "Bólides radicais", "Universos paralelos", "No interior de um polvo", "A física da dança", "O lugar mais silencioso da Terra", "Como ser um piloto de caças", "Criar uma múmia", "Porque nos cresce água na boca quando vemos comida?"


Boa leitura!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Está a chegar ao fim o mês do S. Martinho

Na biblioteca, ao ambiente de terror, do fim de outubro e princípio de novembro, que contextualizou o livro e o filme "O Estranho mundo de Jack", segui-se o convite à presevação da tradição. Os alunos participaram na decoração das árvores, quase nuas, com quadras sobre o S.Martinho.




Nesta atividade estiveram envolvidos particularmente os alunos do 6º E e do 6ºD. Participou ainda uma encarregada de educação que veio contar a Lenda de S.Martinho.

Outros alunos, de outras turmas, também escreveram quadras:

No S. Martinho
Há castanhas a assar
Anda, vem comigo,
eu sei que vais gostar!

Mariana, 5ºG

S. Martinho, pão e vinho
muitas castanhas a assar
vem ao nosso magusto
que vai ser espetacular!

Anónimo

Castanhas quentes
folhas coloridas
celebro o S. Martinho
com as minhas amigas!

Francisca Borges, 5ºG

Castanhas, castanhas
assadas com sal
quentinhas, quentinhas,
que não te façam mal!

Teresa, 5º G

COOL WEEK




Como já é tradição, na semana de 28 de novembro a 2 de dezembro decorrerá a atividade de comemoração  do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, intitulada COLL WEEK.


Uma das atividades que consta da programação: Ação Interativa para a Comunidade, prevista  para o dia 29 de novembro, às 17:45H, na Biblioteca da Escola Secundária Caldas de Vizela, carece de inscrição que pode ser feita através  de e-mail ( alexandrinasousa@aevizela.edu.pt) e/ou junto de uma docente de Educação Especial mais perto de si.

O NAE conta consigo!


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Abertura de inscrições para dois concursos de leitura

Estão abertas as inscrições para os Concursos de Leitura do 2º e 3º ciclo.
São mais uma oportunidade de leitura com tudo o que traz de positivo: desenvolvimento de competências de leitura e interpretação, amadurecimento da capacidade de descodificar o mundo, possibilidade de melhorias a nível da escrita, o simples prazer de ler... e ... quem sabe... um prémio extra.



Todos os participantes recebem uma senha que lhes permite fazer impressões grátis, na Biblioteca,  até um valor máximo de 2€.

A grande final está prevista para o dia 10 de janeiro de 2017, às 11.50H, na Biblioteca.

Os três melhores leitores do 2º ciclo recebem um prémio no valor de 25€.
Os três melhores leitores do 3º ciclo recebem um prémio no valor de 50€.
A diferença no valor dos prémios entre o 2º e o 3º ciclo justifica-se pela segunda fase a que os leitores do 3º ciclo  terão de dar resposta - a participação na fase Distrital do Concurso Nacional de Leitura - lá para meados de abril de 2017.



Boa sorte para todos, boas leituras!

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Sugestões para o fim de semana

Recebemos um convite da Fundação Jorge Antunes para a apresentação do último livro de Hélder Magalhães, um autor vizelense. 
Se puderem, se têm filhotes pequenos, se gostarem de felicitar os autores, participem.


CONVITE

A Fundação Jorge Antunes convida para a apresentação do livro O menino dos Caracóis escrito por Helder Magalhães e ilustrado por Cátia Vidinhas que se realiza no próximo sábado, dia 19 de novembro pelas 15h00. A apresentação do livro estará a cargo de Rosa Maria Alves e a sessão contará com um momento musical por João Filipe da Musicanima. Este conto infantil, editado em outubro deste ano, inclui a oferta de um lápis especialmente produzido pela Viarco Portugal.



António, o menino dos caracóis, espera receber de presente uma bola de futebol, porém a professora oferece-lhe um lápis. Como será a reação de António, o menino dos caracóis?


Em Guimarães:



Para o dia de encerramento estão agendados dois concertos: 17.00h e 22.00

Para quem aprecia o género, é no Centro Cultural Vila Flor

Bom fim de semana!




quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Quando o telemóvel cai à sanita

Nos últimos dias nada foi publicado neste jornal digital. Está a custar recuperar da perda de um telemóvel, onde estavam todos os registos fotográficos de um dia de intensa atividade, quer dos professores de matemática, quer da equipa da Biblioteca Escolar. Referimo-nos à passada 6ª feira, dia 11 de novembro, dia de S.Martinho que a escola dedicou à "literacia financeira": os alunos do 5º ano assistiram a uma peça de teatro apresentada pela Companhia de Teatro Educa; três turmas de 6º ano assistiram a uma interessante explicação de dois representantes do Banco de Portugal sobre a nota euro: três turmas de sétimo ano foram alertadas para as vantagens da poupança. Depois do almoço, uma encarregada de educação do 6º F contou a Lenda do S. Martinho para a turma e alguns alunos leram quadras populares que deixaram penduradas nas árvores colocadas na biblioteca para esses efeito. Custa aceitar que tudo tenha ido, literalmente, por água abaixo.
Pior ainda é saber que, por falta de informação, o que se fez após a tragédia foi exatamente o que não se deve fazer. Consequências: memórias perdidas e telemóvel morto.
Então para evitar tamanha frustração a outros publicamos aqui o procedimento a seguir neste casos. Pode ser que tenham sorte! Nós não tivemos.



quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Plano Nacional de Cinema

O PNC está previsto como um programa de literacia para o cinema e de divulgação de obras cinematográficas nacionais e internacionais, junto do público escolar, de acordo com o nível etário
O Agrupamento tem uma equipa responsável pela implementação do projeto, coordenada pelo professor de Educação Visual, Alberto Herdeiro. A biblioteca integra esta equipa.
Aproveitando a celebração do Dia Mundial do cinema a 5 de novembro, a equipa decidiu alargar as atividades a todo o mês.

Vejamos então:

Os pais já partilharam  um filme com os filhos na passada 6ª feira

O pré- escolar do Centro Escolar dos Enxertos ( cinco turmas) assistiu, hoje, a "O balão vermelho" .O filme revelou-se de uma pureza, que, apesar de ser "antigo", conseguiu prender as crianças. O pedacinho de criança de cada uma das  professoras e assistentes operacionais que as acompanharam apreciou muito os cerca de trinta minutos de fita. 



O 1º ciclo está convidado  a ver "As coisas lá de casa", na próxima semana.


O 2º ciclo tem vindo a assistir a "O estranho mundo de Jack"

Os diretores de turma e os professores de formação cívica do 3º ciclo foram convidados a explorar durante este mês a curta metragem "História trágica para um final feliz"

Na escola secundária serão distribuídos, na próxima 6ª feira, 11 de novembro, os prémios do Concurso de curtas-metragens XXS.

 Vão espreitando os links...