Este conto nasceu ao longo do mês de novembro, de um trabalho colaborativo entre a biblioteca, os alunos do 4º ano, os respetivos professores e alguns pais.
Uma aventura em
Vizela
Há muitos anos, em Vizela, só havia pessoas vestidas de
romano. Havia duas meninas chamadas Leonoris e Franciscas, também havia um
menino chamado Andreus. Eram todos amigos e gostavam de se encontrar no parque
das termas.
O pai de Andreus era trolha, estava a liderar a construção
da ponte romana. Os pais da Franciscas e da Leonoris eram gerentes das termas.
Um dia, os três amigos foram dar um passeio pelos túneis das
termas para se aquecerem e foi lá que encontraram um vaso de cerâmica, bastante
gasto, que parecia muito antigo. Lá
dentro encontraram um mapa de tesouro que tinha a seguinte mensagem:
“Se
o tesouro querem encontrar uma chave vão ter de procurar, duas árvores vão ver,
mas só uma tem a chave do poder.”
Os três amigos não queriam acreditar! Um tesouro
em Vizela!
- Um tesouro! – exclamou o Andreus – Temos de o encontrar!
-E onde vamos encontrar as duas árvores? – perguntou a
Franciscas.
-No parque das Termas, sem dúvida. Mas como é que vamos
saber quais são as árvores certas? Há lá tantas!
- Vamos começar a procurar nas mais antigas. - disse o rapaz
- Vamo-nos dividir.- propôs a Leonoris - Eu vou para as
margens do lago dos patos, e tu, Andreus?
- Eu vou procurar à volta do jardim. - disse muito
entusiasmado.
- E eu vou pelo caminho da Ilha dos Amores! - exclamou a
Franciscas.
Combinaram encontrarem-se todos no rio, junto ao chalé,
passado uma hora. E lá foram, cada um pelo seu caminho, de olhos muito abertos, à
espera de encontrar as árvores a par.
Passado uma hora lá estavam os três no local combinado.
- Alguém encontrou as árvores? - perguntou Franciscas.
- Não. -disseram os dois amigos.
- Eu também não. -disse ela, desanimada.
- Então vamos continuar a procurar todos juntos. -sugeriu o
Andreus.
Concordaram. E foram os três procurar seguindo pela margem
do rio Avicella.
Pelo caminho a Leonoris contou-lhes que quando procurava as
árvores à volta do lago dos patos o laço da sua túnica caiu e apareceu, de repente, um gato assustadiço que o apanhou e fugiu. Ela tentou apanhá-lo
mas ele enfiou-se num buraco e ela teve medo de entrar, mas reparou que na entrada tinha a seguinte inscrição “
Quando as duas árvores encontrares um enigma vais ter de decifrar”. Os
três amigos ficaram muito intrigados pois tinham um verdadeiro mistério nas
mãos para resolver.
Continuando à procura das árvores em par, chegaram perto da bica molha pés.Cansados, sentaram-se e olharam em
volta e não é que, ali mesmo ao lado
deles, havia várias árvores em par,
juntinhas?! Olharam uns para os outros.
- Qual dos pares de árvores será? -perguntou a Franciscas.
Andaram à volta das árvores e bem junto às raízes de dois
velhos plátanos o Andreus encontrou a tão desejada pista “ Se querem encontrar o tesouro,
o seguinte enigma têm que descobrir : quatro pedras juntas e muito gastas têm
de encontrar para a chave poderem ganhar”.
-E agora que vamos fazer? Já está a anoitecer temos que ir
para casa. -preocupou-se a Francisca.
- Mas amanhã voltamos para procurar a chave do tesouro. A
sorte é que estamos de férias. -tranquilizou o Andreus.
- Pois é, tens razão! Mas amanhã poderíamos começar a
procurar pela Praça, junto à bica quente. Lá tem uma parte importante da nossa
cidade romana, com muitas pedras. Se não encontrarmos nada, voltamos aqui ao
parque, junto do rio há muitas pedras desgastadas pela água.
Os três amigos despediram-se e foram para casa.
No dia seguinte, lá se encontraram junto da bica quente e
observaram com muita atenção pedra a pedra. Já cansados e desanimados, viram
uma pomba branca que pousava na bica quente. Na pata direita trazia uma
mensagem amarrada com uma fita de cetim. Retiraram-na com muito cuidado e leram
a seguinte mensagem: “Se o tesouro queres
encontrar, no jardim vais ter de vasculhar, uma bela musa lá estará, e a chave
te dará”
-Ah! Já sei, é aquela musa que está no centro do jardim! – exclamou a Leonoris.
Nem a deixaram falar tudo e correram logo, com a força, toda para junto da estátua. No meio do jardim à volta da musa
encontraram um pergaminho que dizia o seguinte: “para o tesouro encontrar à musa têm que dar a flor que mais brilhar”.
Não foi preciso olhar muito para encontrarem uma florzinha branca entre outras
flores maiores mas que se via muito bem porque parecia uma estrela a
brilhar. A Franciscas pediu desculpa à
flor, arrancou-a e foi pô-la nos pés da musa. Então, a musa inclinou o seu
balde. Lá dentro estavam as quatro pedras.
- Boa! Obrigada, musa. – agradeceu o Andreus.
As meninas pegaram cada uma numa pedra e Andreus pegou em
duas pois era mais alto e mais forte.
Ao pegar na última pedra repararam num pequeno pedaço de
barro.
-Será uma nova pista? – perguntou Franciscas, agarrando o
caco de argila. Realmente, lá estava gravada uma mensagem que ela leu em voz
alta:
- “Se o
tesouro querem encontrar as pedras vão ter de encaixar na ponte sobre o rio.
Uma delas saltará e a chave aparecerá!”
- Ah! Vai ser canja! O meu pai trabalha lá! - exclamou o Andreus,
todo orgulhoso.
-Vamos, vamos. - disse a Franciscas, cheia de pressa.
No caminho, encontraram a mãe da Leonoris, a dona Diana, que
ia tomar banho ao balneário. Quando ela os viu, perguntou-lhes:
- Onde é que vocês vão com tanta pressa?
- Vamos à procura do senhor Júlio César para ele nos ajudar
a encontrar os buracos das pedras.
- Que pedras? - perguntou a dona Diana.
- Estas. - respondeu a Franciscas estendendo a pedra que
levava na mão.
-Então, boa sorte! - desejou a mãe da Leonoris.
Logo que chegaram à ponte, foram falar com o pai do Andreus:
- Senhor Júlio César, podemos colocar estas quatro pedras na
ponte?- perguntou a Franciscas.
- Vá lá, pai! Deixe! Andamos à procura da chave de um
tesouro. Precisamos de quatro espaços pequenos para encaixar estas pedras. Por
favor, ajude-nos! - pediu o Andreus.
- Até nos vão fazer jeito para segurar as pedras maiores.
Vou chamar dois pedreiros para vos ajudarem.- respondeu o pai do rapaz.
Depois de encontrarem quatro espaços bons para meter as
pedras, começaram a encaixá-las. Mas, a última não queria entrar. Empurraram
mais e mais e, quando acharam que tinham conseguido, a pedra saltou e junto com
ela vieram outras pedras grandes que ao caíram, perto do rio, abriram um túnel
escuro.
Os meninos olharam uns para os outros e, muito entusiasmados,
lançaram-se para o túnel. Logo à entrada encontraram um dragão que logo ali
falou "Se aqui quereis entrar, por
mim tereis que passar."
- Vá lá dragão, não sejas mauzinho! – pediu o Andreus.
O dragão, já cuspindo fogo, berrou:
- Não, nunca
vos deixarei passar!
-E agora, o que fazemos?- perguntou a Franciscas aos amigos.
-Não se preocupem, eu sei um truque que resulta sempre.
Falou baixinho o Andreus. Só temos que cantar uma melodia de embalar.
Para resultar melhor, foram chamar todas as crianças da
aldeia romana. Combinaram encontrar-se na bica de água quente, às
16:15, para fazer um ensaio.
Depois de treinarem, foram ao mercado pedir três tochas.
Seguiram para o beira do rio e
aproximaram-se do dragão, com muito cuidado. Cheios de coragem, deram as mãos e começaram a cantar.
Com os seus sorrisos, as suas vozes, doces e abençoadas,
conseguiram que o dragão adormecesse.
Os três meninos agradeceram aos amigos, entraram no túnel e
foram em busca do tesouro desconhecido.
Durante o percurso no túnel escuro, Leonoris parou. Estava muito
assustada.
Andreus logo tentou acalmá-la:
- Não tenhas medo, estamos aqui contigo!
- De certeza que nos vão aparecer morcegos, cobras ou outros
bichos. - insistiu a menina.
- Nós levamos as tochas, ninguém se mete connosco! – lembrou-lhe
a amiga Franciscas.
-Não vamos desistir agora que estamos tão perto de encontrar
o tesouro! – exclamou Andreus.
-Têm razão, mas eu vou no vosso meio!
O túnel era interminável e cada vez mais estreito e quente.
Até que, quando pensavam que o túnel tinha terminado, ele continuava, com
várias saídas. Numa parede estava pregado um pergaminho que dizia: “O túnel mais estreito têm de seguir, para
a vossa missão poderem concluir!”
A Leonoris protestou logo:
- Eu não me meto nesse buraco!
- Não tenhas medo, estamos todos juntos. - disse-lhe o amigo
Andreus.
- Que os deuses me ajudem! Mas não se afastem de mim, por
favor!
Quando entraram no túnel, tiveram que se baixar porque o
túnel era baixo e estreito. Por isso, seguiram de gatas e em fila indiana. À
frente seguia o Andreus, a Leonoris no meio, e, por último, a Franciscas. Cada
um levava a sua tocha. O caminho estava
cheio de pedras, de teias com aranhas, morcegos e outros bichos. Já tinham
andado um bocado quando apareceu um gato com olhos brilhantes como lanternas.
Seguiram atrás dele e foram ter a uma caverna com duas portas. Numa delas
estava pregado um papiro com uma nova mensagem:
"Se
quereis encontrar a chave do tesouro, procurai debaixo do tapete de
couro". Olharam para o chão e viram que uma das
portas tinha, à entrada, um tapete de couro.
A Franciscas levantou-o e lá estava ela. Era uma chave
pequena, de prata.
- Parece uma chave de
uma arca. - disse Andreus.
- Ou será a chave desta porta? - perguntou a Leonoris.
-
Depressa, Andreus, tenta abrir! – dizia Franciscas, ansiosa.
-
Calma, estou tão nervoso que nem consigo colocar a chave na fechadura.
Entretanto
gritou:
-
Já está! Consegui!
O
coração dos três amigos palpitava tanto eu até sentiam dificuldade em respirar.
Quando
abriram a pesada porta, os seus olhos nem queriam acreditar no que viam: uma
gigantesca caverna, com várias piscinas naturais de onde saía uma névoa de
vapor, cascatas que repunham água quente nas piscinas e escorregas naturais.
-Uau!
- exclamou Leonoris.
-
Nunca vi nada tão belo! – dizia Franciscas sem pestanejar.
-
Fechem a boca e vamos lá tomar banho . – disse o Andeus rindo.
Depressa
se precipitaram para junto das piscinas, tiraram as túnicas e mergulharam sentindo
um arrepio agradável que lhes percorreu o corpo todo.
-
Nunca senti nada igual! Isto é maravilhoso! – dizia Leonoris encantada.
Durante
horas, mergulharam, escorregaram para dentro de água, chapinaram, riram e
gozaram da companhia uns dos outros como nunca o tinham feito.
O
tempo passou e decidiram regressar. À saída da porta que deu acesso ao tão
esperado “tesouro” encontraram uma inscrição que dizia:
“Parabéns!
Esta
entrada só é permitida a jovens e crianças muito especiais que privilegiam a
bondade, a partilha e a amizade. Vocês foram escolhidos”
Eles
ficaram muito felizes e, a partir desse dia, passaram as restantes férias a
tomar banhos termais, tudo no maior secretismo.
Alunos do 4º ano do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela, novembro 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário