No
domingo de manhã, o Matias foi tomar
banho todo contente porque a mãe tinha
prometido pôr na água aquele sabão
especial que faz muita espuma. Eram tantas as bolas de sabão que a banheira
separou-se do chão e saiu a voar pela janela.
-
Matias, porque é que estás a demorar tanto? – gritou a mãe da cozinha. – O
pequeno almoço está pronto!
Claro
que ficou muito preocupada quando foi ralhar com o filho, que não lhe estava a
obedecer, e não o encontrou, nem ao Matias, nem à banheira. Perturbada, ligou
para o 112 a pedir ajuda.
Mas
o Matias não estava nada assustado com o que lhe estava a acontecer porque percebeu que era bom voar. Sentia-se
livre como um pássaro e conseguia ver tudo, longe, muito longe. Já estava perto
do céu e conseguia ver pequenos mundos que pareciam berlindes pendurados por um fio invisível: o mundo dos elefantes, o
mundo do circo, o mundo das bolas e o mundo dos doces.
Estava
tão admirado a olhar para tudo, que não viu um pássaro distraído que lhes deu
um encontrão. Foi assim que o Matias e a banheira aterraram no mundo dos doces,
bem no meio de uma piscina de chocolate.
Estavam
quase a afundar mas um barco de chupa-chupas, conduzido por um pai natal de
chocolate, salvou-os. Atirou uma corda e puxou pela banheita até à beira da
piscina.
-
Obrigada, pai natal! - gritou o Matias para aquele marinheiro tão estranho.
E o
pai natal foi à sua vida.
-
Precisamos de um banho para tirar este chocolate de cima de nós.- resmungou a
banheira.
-
Consegues voar até uma nuvem? Tem que ser bem negra para nos molhar. O sabão
também está a precisar de água para fazer mais bolas. Sem bolas, não
conseguimos voar mais, nem voltar para casa.- disse o Matias.
Tomaram
banho numa nuvem cheia de água e secaram-se noutra nuvem cheia de vento.
Outra
vez alegres, voaram até ao mundo do circo onde encontraram 4 palhaços, 1 tigre
e 2 malabaristas. Pagaram um bilhete e viram um amigo do Matias, chamado Lucas,
a fazer de palhaço.
-
Olá, Lucas! - gritou o Matias.
-
Olá, agora não posso falar pois estou a trabalhar.
Então,
como não puderam saber como é que o Lucas também tinha ido para o mundo do
circo, o Matias e a banheira voaram até ao mundo dos elefantes.
Aterraram
numa selva cheia de elefantes. Viram os elefantes na hora do recreio a jogar ao
esconde-esconde e ao berlinde e admiraram alguns elefantes vestidos com saias
de folhas, sutiãs de cocos e uns
turbantes de frutos tropicais. Apreciaram também os elefantes costureiros a
costurar touquinhas para as crias acabadas de nascer e ouviram a elefanta
Catalina a chamar a sua filha Clotilde para tomar o duche da manhã. Como viviam
num mundo em que os riachos não tinham muita água o Matias ofereceu-se para
emprestar a sua banheira à filha da elefanta Catalina:
-
Mamã, que duche maravilhoso! – exclamou Clotilde.
Clotilde
e Matias tornaram-se melhores amigos e conversavam muito.
- O
que é que vocês estão aqui a fazer? – perguntou Clotilde àquele amigo novo.
-
Nós andamos a viajar por mundos diferentes do nosso. Mas, agora diz-me: porque
é que aquela elefanta está a borrifar os bebés com a tromba?
- É
a nossa maneira de lavar os elefantes pequenitos – respondeu a amiga Clotilde.
-
Acho que está na hora de continuar a nossa viagem, mas a banheira está com
pouca espuma para voar.
-
Espera aqui que eu vou chamar o meu amigo coche, pode ser que ele te leve.
Enquanto
esperava, Matias foi ver o espetáculo dos colibris que andavam por ali a
chilrear.
Clotilde
voltou a correr.
-
Afinal o coche tem muitos turistas para transportar, não te pode levar.
-
Como é que eu vou fazer agora?
- Já
sei! - exclamou a amiga. - Vou chamar os
meus amigos mais fortes.
Os
elefantes muito fortes puseram a banheira, com o Matias dentro, em cima das
trombas e lançaram-nos até ao mundo das bolas.
No
mundo das bolas as pessoas eram feitas de bolas de borracha, coloridas e
saltitantes, com um aspeto muito divertido. Matias bem tentou apanhar uma, mas
não conseguiu. O que mais havia naquele mundo eram espaços para bowling, para
futebol e para basquetebol. Foi lá que o Matias conheceu uma bola menina: Bally. Era azul, muito
bonita. Bally, durante algum tempo brincou com Matias ao “atira bola” e depois
foram almoçar juntos. Comeram bolinhas de batata e brigadeiros à sobremesa.
Matias
adorou aquele mundo, mas começava a estar triste porque tinha saudades de casa.
Quando
uma lágrima muito redondinha escorregou pelo rosto de Matias uma bola saltitona
fez-lhe um mino e perguntou-lhe:
- O
que é que se passa contigo?
- Eu
tenho saudades da minha casa e da minha família.
-
Mas, espera aí, eu acho que o meu amigo Balão João te pode levar a saltitar até
à tua casa!
-
Isso seria excelente! – exclamou o Matias mais animado.
-Eu
vou ligar-lhe, a ver se ele pode.
-
Estou… Balão João, podes levar um amigo meu a casa?
-
Claro, não só o levo como lhe ofereço um último passeio pelo mundo das bolas
para que nunca se esqueça do nosso mundo, nem de nós!
-
Isso é o máximo! Ah! Mas a minha banheira também precisa de boleia. Pode ser?
-
Claro, há lugar para os dois.
No
dia seguinte, disseram adeus aos amigos e embarcaram no Balão João que os levou
a saltitar pelo céu fora. Já estavam perto da casa do Matias quando aconteceu o
acidente. O Balão João chocou contra uma nuvem e rebentou. Dentro da banheira,
o Matias não se magoou quando caiu no jardim da sua casa. A mãe não estava. "Deve
andar à minha procura" - pensou o Matias.
E
tinha razão, a mãe andava com a polícia à procura do seu filho chamado Matias.
Quando
voltou para casa e viu o filho, abraçou-o com muita força e depois ralhou com
ele.
- Vou
pensar se vais de castigo para o teu quarto ou se vais brincar. Por enquanto,
vamos à polícia dizer que te encontrei.- disse a mãe ainda zangada.
Pelo
caminho, o Matias só pensava no que tinha acontecido ao seu amigo Balão João.
Pensou nele todo o dia e todos os dias que vieram depois. Nunca se esquecem os amigos que nos dão
alegria.
"Quem escreve um conto, acrescenta um ponto", 3.º ano, maio 2017
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