segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"Quem conta um conto acrescenta um ponto" - 4º ano

Este conto nasceu ao longo do mês de novembro, de um trabalho colaborativo entre a biblioteca, os alunos do 4º ano, os respetivos  professores e alguns  pais.


Uma aventura em Vizela



         Há muitos anos, em Vizela, só havia pessoas vestidas de romano. Havia duas meninas chamadas Leonoris e Franciscas, também havia um menino chamado Andreus. Eram todos amigos e gostavam de se encontrar no parque das termas.
         O pai de Andreus era trolha, estava a liderar a construção da ponte romana. Os pais da Franciscas e da Leonoris eram gerentes das termas.
         Um dia, os três amigos foram dar um passeio pelos túneis das termas para se aquecerem e foi lá que encontraram um vaso de cerâmica, bastante gasto, que parecia muito antigo. Lá dentro encontraram um mapa de tesouro que tinha a seguinte mensagem:
“Se o tesouro querem encontrar uma chave vão ter de procurar, duas árvores vão ver, mas só uma tem a chave do poder.” 
 
                   Os três amigos não queriam acreditar! Um tesouro em Vizela!
         - Um tesouro! – exclamou o Andreus – Temos de o encontrar!
         -E onde vamos encontrar as duas árvores? – perguntou a Franciscas.
         -No parque das Termas, sem dúvida. Mas como é que vamos saber quais são as árvores certas? Há lá tantas!
         - Vamos começar a procurar nas mais antigas. - disse o rapaz
         - Vamo-nos dividir.- propôs a Leonoris - Eu vou para as margens do lago dos patos, e tu, Andreus?
         - Eu vou procurar à volta do jardim. - disse muito entusiasmado.
         - E eu vou pelo caminho da Ilha dos Amores! - exclamou a Franciscas.
         Combinaram encontrarem-se todos no rio, junto ao chalé, passado uma hora. E lá foram, cada um  pelo seu caminho, de olhos muito abertos, à espera de encontrar as árvores a par.

         Passado uma hora lá estavam os três no local combinado.
         - Alguém encontrou as árvores? - perguntou Franciscas.
         - Não. -disseram os dois amigos.
         - Eu também não. -disse ela, desanimada.
         - Então vamos continuar a procurar todos juntos. -sugeriu o Andreus.
         Concordaram. E foram os três procurar seguindo pela margem do rio Avicella.
         Pelo caminho a Leonoris contou-lhes que quando procurava as árvores à volta do lago dos patos o laço da sua túnica caiu e apareceu, de repente, um gato assustadiço que o apanhou e fugiu. Ela tentou apanhá-lo mas ele enfiou-se num buraco e ela teve medo de entrar, mas reparou que na entrada tinha a seguinte inscrição “ Quando as duas árvores encontrares um enigma vais ter de decifrar”. Os três amigos ficaram muito intrigados pois tinham um verdadeiro mistério nas mãos para resolver.
         Continuando à procura das árvores em par, chegaram perto da bica  molha pés.Cansados, sentaram-se e olharam em volta e não é que, ali mesmo ao lado deles, havia várias árvores em par, juntinhas?! Olharam uns para os outros.
         - Qual dos pares de árvores será? -perguntou a Franciscas.
         Andaram à volta das árvores e bem junto às raízes de dois velhos plátanos o Andreus encontrou a tão desejada pista “ Se querem encontrar o tesouro, o seguinte enigma têm que descobrir : quatro pedras juntas e muito gastas têm de encontrar para a chave poderem ganhar”.
         -E agora que vamos fazer? Já está a anoitecer temos que ir para casa. -preocupou-se a Francisca.
         - Mas amanhã voltamos para procurar a chave do tesouro. A sorte é que estamos de férias. -tranquilizou o Andreus.
         - Pois é, tens razão! Mas amanhã poderíamos começar a procurar pela Praça, junto à bica quente. Lá tem uma parte importante da nossa cidade romana, com muitas pedras. Se não encontrarmos nada, voltamos aqui ao parque, junto do rio há muitas pedras desgastadas pela água.

         Os três amigos despediram-se e foram para casa.
         No dia seguinte, lá se encontraram junto da bica quente e observaram com muita atenção pedra a pedra. Já cansados e desanimados, viram uma pomba branca que pousava na bica quente. Na pata direita trazia uma mensagem amarrada com uma fita de cetim. Retiraram-na com muito cuidado e leram a seguinte mensagem: “Se o tesouro queres encontrar, no jardim vais ter de vasculhar, uma bela musa lá estará, e a chave te dará”
         -Ah! Já sei, é aquela musa que está no  centro do jardim! – exclamou a Leonoris.
         Nem a deixaram falar tudo e correram logo, com a força, toda para junto da estátua. No meio do jardim à volta da musa encontraram um pergaminho que dizia o seguinte: “para o tesouro encontrar à musa têm que dar a flor que mais brilhar”. Não foi preciso olhar muito para encontrarem uma florzinha branca entre outras flores maiores mas que se via muito bem porque parecia uma estrela a brilhar.  A Franciscas pediu desculpa à flor, arrancou-a e foi pô-la nos pés da musa. Então, a musa inclinou o seu balde. Lá dentro estavam as quatro pedras.
         - Boa! Obrigada, musa. – agradeceu o Andreus.
         As meninas pegaram cada uma numa pedra e Andreus pegou em duas pois era mais alto e mais forte.
         Ao pegar na última pedra repararam num pequeno pedaço de barro.
         -Será uma nova pista? – perguntou Franciscas, agarrando o caco de argila. Realmente, lá estava gravada uma mensagem que ela leu em voz alta:
 - “Se o tesouro querem encontrar as pedras vão ter de encaixar na ponte sobre o rio. Uma delas saltará e a chave aparecerá!”
         - Ah! Vai ser canja! O meu pai trabalha lá! - exclamou o Andreus, todo orgulhoso.
         -Vamos, vamos. - disse a Franciscas, cheia de pressa.

         No caminho, encontraram a mãe da Leonoris, a dona Diana, que ia tomar banho ao balneário. Quando ela os viu, perguntou-lhes:
         - Onde é que vocês vão com tanta pressa?
         - Vamos à procura do senhor Júlio César para ele nos ajudar a encontrar os buracos das pedras.
         - Que pedras? - perguntou a dona Diana.
         - Estas. - respondeu a Franciscas estendendo a pedra que levava na mão.
         -Então, boa sorte! - desejou a mãe da Leonoris.
         Logo que chegaram à ponte, foram falar com o pai do Andreus:
         - Senhor Júlio César, podemos colocar estas quatro pedras na ponte?- perguntou a Franciscas.
         - Vá lá, pai! Deixe! Andamos à procura da chave de um tesouro. Precisamos de quatro espaços pequenos para encaixar estas pedras. Por favor, ajude-nos! - pediu o Andreus.
         - Até nos vão fazer jeito para segurar as pedras maiores. Vou chamar dois pedreiros para vos ajudarem.- respondeu o pai do rapaz.

         Depois de encontrarem quatro espaços bons para meter as pedras, começaram a encaixá-las. Mas, a última não queria entrar. Empurraram mais e mais e, quando acharam que tinham conseguido, a pedra saltou e junto com ela vieram outras pedras grandes que ao caíram, perto do rio, abriram um túnel escuro.
         Os meninos olharam uns para os outros e, muito entusiasmados, lançaram-se para o túnel. Logo à entrada encontraram um dragão que logo ali falou  "Se aqui quereis entrar, por mim tereis que passar."
         - Vá lá dragão, não sejas mauzinho! – pediu o Andreus.
         O dragão, já cuspindo fogo, berrou:
         - Não, nunca vos deixarei passar!
         -E agora, o que fazemos?- perguntou a Franciscas aos amigos.
         -Não se preocupem, eu sei um truque que resulta sempre. Falou baixinho o Andreus. Só temos que cantar uma melodia de embalar.
         Para resultar melhor, foram chamar todas as crianças da aldeia romana. Combinaram encontrar-se na bica de água quente, às 16:15, para fazer um ensaio.

         Depois de treinarem, foram ao mercado pedir três tochas. Seguiram  para o beira do rio e aproximaram-se do dragão, com muito cuidado. Cheios de coragem, deram as mãos e  começaram a cantar.
         Com os seus sorrisos, as suas vozes, doces e abençoadas, conseguiram que o dragão adormecesse.
         Os três meninos agradeceram aos amigos, entraram no túnel e foram em busca do tesouro desconhecido.

         Durante o percurso no túnel escuro, Leonoris parou. Estava muito assustada.
         Andreus logo tentou acalmá-la:
         - Não tenhas medo, estamos aqui contigo!
         - De certeza que nos vão aparecer morcegos, cobras ou outros bichos. - insistiu a menina.
         - Nós levamos as tochas, ninguém se mete connosco! – lembrou-lhe  a amiga Franciscas.
         -Não vamos desistir agora que estamos tão perto de encontrar o tesouro! – exclamou Andreus.
         -Têm razão, mas eu vou no vosso meio!
         O túnel era interminável e cada vez mais estreito e quente. Até que, quando pensavam que o túnel tinha terminado, ele continuava, com várias saídas. Numa parede estava pregado um pergaminho que dizia: “O túnel mais estreito têm de seguir, para a vossa missão poderem concluir!”
         A Leonoris protestou logo:
         - Eu não me meto nesse buraco!
         - Não tenhas medo, estamos todos juntos. - disse-lhe o amigo Andreus.
         - Que os deuses me ajudem! Mas não se afastem de mim, por favor!
         Quando entraram no túnel, tiveram que se baixar porque o túnel era baixo e estreito. Por isso, seguiram de gatas e em fila indiana. À frente seguia o Andreus, a Leonoris no meio, e, por último, a Franciscas. Cada um levava a sua tocha.  O caminho estava cheio de pedras, de teias com aranhas, morcegos e outros bichos. Já tinham andado um bocado quando apareceu um gato com olhos brilhantes como lanternas. Seguiram atrás dele e foram ter a uma caverna com duas portas. Numa delas estava pregado um papiro com uma nova mensagem:
"Se quereis encontrar a chave do tesouro, procurai debaixo do tapete de couro". Olharam para o chão e viram que uma das portas tinha, à entrada, um tapete de couro.
         A Franciscas levantou-o e lá estava ela. Era uma chave pequena, de prata.
         - Parece uma  chave de uma arca. - disse Andreus.
         - Ou será a chave desta porta? -  perguntou a Leonoris.
- Depressa, Andreus, tenta abrir! – dizia Franciscas, ansiosa.
- Calma, estou tão nervoso que nem consigo colocar a chave na fechadura.
Entretanto gritou:
- Já está! Consegui!
O coração dos três amigos palpitava tanto eu até sentiam dificuldade em respirar.

Quando abriram a pesada porta, os seus olhos nem queriam acreditar no que viam: uma gigantesca caverna, com várias piscinas naturais de onde saía uma névoa de vapor, cascatas que repunham água quente nas piscinas e escorregas naturais.
-Uau! - exclamou Leonoris.
- Nunca vi nada tão belo! – dizia Franciscas sem pestanejar.
- Fechem a boca e vamos lá tomar banho . – disse o Andeus rindo.
Depressa se precipitaram para junto das piscinas, tiraram as túnicas e mergulharam sentindo um arrepio agradável que lhes percorreu o corpo todo.
- Nunca senti nada igual! Isto é maravilhoso! – dizia Leonoris encantada.
Durante horas, mergulharam, escorregaram para dentro de água, chapinaram, riram e gozaram da companhia uns dos outros como nunca o tinham feito.
O tempo passou e decidiram regressar. À saída da porta que deu acesso ao tão esperado “tesouro” encontraram uma inscrição que dizia:

“Parabéns!
Esta entrada só é permitida a jovens e crianças muito especiais que privilegiam a bondade, a partilha e a amizade. Vocês foram escolhidos”

Eles ficaram muito felizes e, a partir desse dia, passaram as restantes férias a tomar banhos termais, tudo no maior secretismo.
        
Alunos do 4º ano do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela, novembro 2016

Boa leitura!



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